Parasitas Zumbis: como alguns organismos controlam formigas

Juliano Loureiro • 9 de setembro de 2023

Já assistiu a um filme de zumbis e imaginou como seria se os mortos-vivos realmente existissem? Bem, no mundo dos insetos, esse cenário apocalíptico é uma realidade! No entanto, em vez de vírus ou toxinas, os verdadeiros mestres por trás dessa transformação são certos parasitas habilidosos.


Se você chegou até esse texto preocupado se esses parasitas conseguem causar um apocalipse zumbi em seres humanos, pode ficar tranquilo. Já explicamos por aqui que isso é cientificamente impossível. Leia: Zumbis podem existir no futuro?


Agora, acompanhe e descubra mais detalhes sobre como alguns organismos conseguem controlar as formigas, transformando-as em verdadeiros zumbis! Boa leitura.

Existe algum fenômeno capaz de controlar formigas?

Sim! O fenômeno pelo qual alguns parasitas controlam formigas, fazendo com que elas exibam comportamentos que favorecem os interesses do parasita, é um exemplo fascinante da complexa coevolução entre parasitas e hospedeiros. Aqui estão alguns exemplos notáveis:

1. Ophiocordyceps Unilateralis: o fungo zumbi

Ophiocordyceps-Unilateralis

Imagine uma formiga caminhando calmamente, e de repente, seu comportamento muda drasticamente. Ela começa a escalar, como se fosse compelida por uma força invisível. Ao chegar a um ponto ideal, morde uma folha com tanta força que fica presa ali. E, enquanto a vida se esvai dela, um fungo brota da parte de trás de sua cabeça.


Isso não é uma cena de um filme de terror, mas sim o trabalho do Ophiocordyceps unilateralis. Este fungo tem uma relação parasitária com formigas da espécie Camponotini. Uma vez infectada, a formiga é manipulada a encontrar um local ótimo para o fungo crescer e se reproduzir, garantindo que seus esporos sejam liberados de uma altura onde possam infectar outras vítimas.

2. Dicrocoelium Dendriticum: a jornada do verme da vesícula biliar

Da vida no fígado de um mamífero, passando por um caracol até chegar a uma formiga, o ciclo de vida do Dicrocoelium dendriticum parece mais uma epopeia. Este parasita, após passar pelo sistema digestivo do caracol e ser excretado em um muco defensivo, encontra seu caminho para dentro das formigas.


Quando infectada, a maioria das larvas deste verme fica confortavelmente no abdômen da formiga. No entanto, algumas se aventuram até o cérebro, onde realmente começa a magia (ou deveríamos dizer, o horror?). Manipulada pelas larvas, a formiga é atraída para a ponta de uma folha de grama. Ao morder, ela se prende, esperando ser consumida por um herbívoro, permitindo que o ciclo continue.

The Last of Us e a relação com os fungos da vida real

O jogo "The Last of Us" da Naughty Dog foi inspirado, em parte, pelos fungos parasitas que afetam insetos, especificamente o fungo Ophiocordyceps unilateralis que infecta formigas, explicado acima. No jogo, uma forma mutante deste fungo começa a infectar humanos, transformando-os em criaturas hostis e zumbi-like, levando a um colapso da sociedade.


A ideia de um fungo que pode controlar o comportamento de seu hospedeiro e, eventualmente, dar origem a uma estrutura de frutificação macabra que brota do hospedeiro, foi estilizada e adaptada para um cenário apocalíptico no jogo. É uma interpretação fictícia e dramatizada do que acontece na natureza, mas foi essa estranha realidade da natureza que serviu de inspiração para a narrativa do jogo.



O uso deste fenômeno natural como inspiração para "The Last of Us" mostra como a natureza pode ser tanto fascinante quanto assustadora, e como essas histórias reais podem ser transformadas em contos envolventes em diferentes mídias. Já escrevemos sobre o game aqui no blog, acesse: Tudo sobre The Last of Us: uma obra-prima dos videogames.

Os parasitas zumbis podem trazer riscos aos seres humanos?

Os parasitas "zumbis" que afetam formigas e outros invertebrados são especializados e coevoluíram com seus hospedeiros específicos ao longo de milhões de anos. Embora sejam fascinantes e, às vezes, perturbadores em suas estratégias de reprodução, a maioria não representa uma ameaça direta à saúde humana. No entanto, é importante notar algumas considerações:


  1. Não são específicos para humanos: Como mencionado, esses parasitas são adaptados a hospedeiros específicos. O Ophiocordyceps unilateralis, por exemplo, tem como alvo formigas específicas e não humanos.
  2. Ensaios de medicamentos: Alguns fungos do gênero Ophiocordyceps têm sido pesquisados por seus potenciais benefícios medicinais para humanos. Na medicina tradicional chinesa, por exemplo, o Ophiocordyceps sinensis tem sido usado como um tônico e adaptógeno.
  3. Risco de disseminação: A maior preocupação com parasitas é geralmente sua capacidade de se disseminar e afetar ecossistemas. Uma formiga zumbi controlada por um fungo não é uma ameaça direta para os seres humanos, mas pode ter implicações ecológicas se, por exemplo, reduzir significativamente a população de formigas em uma área.
  4. Outros parasitas e humanos: Enquanto os parasitas "zumbis" discutidos anteriormente não são uma ameaça para os seres humanos, existem muitos outros parasitas que podem afetar diretamente nossa saúde. Malária, esquistossomose e doença de Chagas são exemplos de doenças parasitárias que afetam humanos.
  5. Ensaios científicos e descobertas: A pesquisa desses parasitas pode ter implicações para a compreensão da neurociência, do comportamento animal e do controle biológico de pragas.


Em resumo, enquanto os parasitas "zumbis" específicos que afetam formigas não são uma ameaça direta para os seres humanos, eles são um lembrete da incrível diversidade de estratégias que a vida desenvolveu ao longo da evolução. Eles também são um testemunho da importância da pesquisa e do entendimento científico em nosso mundo natural.

Considerações

Os parasitas têm uma capacidade incrível de adaptar e coevoluir com seus hospedeiros. E enquanto isso pode parecer macabro e perturbador para nós, é um testemunho da incrível diversidade e engenhosidade da vida na Terra. O mundo natural está repleto de histórias fascinantes que muitas vezes rivalizam com as tramas dos melhores filmes de ficção científica e terror. Então, da próxima vez que você vir uma formiga, quem sabe que intrigas microscópicas estão se desenrolando bem diante de seus olhos?

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“Cada andar é uma batalha árdua até chegar no terraço. Ferido e exausto, ele questiona suas escolhas e lamenta as perdas que enfrentou.”


Terraço 
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Acesse o site oficial do autor para conhecer sua bibliografia. Lá, você encontrará mais distopia, em Lucas: a Esperança do Último, tem também ficção e controle do tempo, com a obra Antônio e o Tempo. Mas você também pode relaxar com algumas reflexões em Frases minhas sobre um coração em festa.

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